CÃES CONSEGUEM LER EMOÇÕES NAS VOZES DOS DONOS
Uma nova investigação pode explicar por que razão o cão é, afinal, o
melhor amigo do homem. O cérebro dos cães responde à voz exatamente da
mesma maneira que o dos humanos, o que lhes permite ler as emoções dos
donos e perceber se estão felizes ou tristes, concluiu pela primeira vez
um grupo de investigadores da Hungria.
Segundo o estudo desenvolvido por especialistas da Universidade Eotvos
Loránd e do centro de investigação etnológico MTA-ELTE, ouvir uma voz
leva à ativação, tanto nos humanos, como nos cães, da mesma área do
cérebro, quer se trate de uma ordem dada ao animal (por exemplo,
"senta") ou de sons emotivos como o choro ou uma gargalhada.
Em ambas as espécies, é ativada uma região próxima do lobo temporal,
onde se observa uma reação mais intensa sempre que é ouvido um som
considerado "feliz", revelou a investigação publicada na revista
científica Current Biology.
Para chegar a estas conclusões, os cientistas treinaram 11 cães de
forma a que estes permanecessem tranquilamente num aparelho de
ressonância magnética, comparando as suas respostas a diversos sons
humanos (gemidos de dor, risos, choro) e caninos com as de um grupo de
voluntários humanos.
De acordo com a equipa, embora o estudo tenha mostrado algumas
diferenças entre as espécies, os resultados vieram trazer uma nova
possibilidade para explicar a relação especial existente entre o cão e o
homem para além do facto de estes partilharem "um ambiente social
semelhante".
semelhante".
Espécies partilham mecanismos cerebrais semelhantes
"As nossas descobertas sugerem que [os cães e os humanos] utilizam
também mecanismos cerebrais semelhantes para processar informações
sociais, o que pode apoiar o sucesso da comunicação vocal entre as duas
espécies", explica Attila Andics, coordenador do estudo, em comunicado.
Os investigadores constataram que a região do cérebro dos cães
associada à voz e ao som respondeu mais fortemente aos sons de outros
cães, ao passo que os humanos responderam com maior intensidade aos sons
dos seus pares.
Nos cães, 48% de todas as regiões sensíveis ao som produziram uma
reação mais forte aos sons não vocais, ao passo que em humanos apenas 3%
destas regiões sensíveis responderam com maior intensidade a sons que
não correspondiam à voz.
Ainda assim, a equipa afirma que os resultados do estudo constituem o
primeiro passo em direção a uma compreensão mais clara quanto à forma
como os cães identificam e interpretam os sentimentos dos donos,
nomeadamente através da sua voz.
"O método [da ressonância magnética] proporciona um meio totalmente
novo de investigar os processos neurológicos nos cães", afirma Andics.
"Finalmente estamos a começar a entender de que forma o nosso melhor
amigo olha para nós e 'navega' no nosso ambiente social", conclui.
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